Num tempo em que se fala tanto em construir muros…
O que no mínimo é uma medida a atentar contra a liberdade!
Esta questão fez-me pensar… Se os muros que atentam contra a liberdade ou contra a condição humana, serão todos feitos de betão… Acho que não, os grandes muros que atentam contra estas questões vivem erguidos na intolerância que cada ser humano guarda dentro de si.
Façamos um exame de consciência, um exercício de auto-conhecimento, uma reflexão interior… Enfim façamos qualquer coisa que nos obrigue a refletir sobre as atitudes que cada um de nós tem diariamente… E então? Somos sempre corretos, justos, imparciais??? Não somos pois não?
Hoje, vivemos numa correria, numa exigência e num estado permanentemente ”wired up”, que nos impede de descansar, de refletir, de termos tempo ou disposição mental para aproveitar as coisas simples e boas da vida. Os mails no telefone a caírem a toda a hora e a todo o instante, 24 horas por dia, sete dias por semana. Dizemos; vejo mas não ligo! Claro que não ligo, apenas leio e fico preocupada, a pensar no assunto até à hora de ir tratar do mesmo, ou então a ansiedade é tão grande que nesse mesmo instante, apesar de estar no meio de uma aula de ioga, saio e vou a correr tratar do assunto!!! Irónico, mas não muito longe da realidade, certo?
Toda esta correria, exigência mental remete-nos para um estado de irritabilidade incrível.
Esgota-nos e ficamos incapazes de ter uma qualidade chamada paciência, tão importante nos dias que correm. Quando falamos de trabalho, acabamos por ter algum cuidado por força das circunstâncias e isso é apenas mais um esforço suplementar! Mas quem na realidade, paga a fatura, acabam por ser as pessoas que nos estão mais próximas, aquelas, com as quais achamos não ter necessidade de fazer cerimónia, aquelas pelas quais nutrimos um amor incondicional e portanto esperamos o mesmo retorno.
Mas poderá um ser humano, amar incondicionalmente, outro que vive permanentemente num estado físico entre o liquido e o gasoso, ou seja, em permanente ebulição? Alguém sempre a 100ºC, não consegue que muitas pessoas se aproximem aliás a essa temperatura quem se aproximar, queima-se! Como tal mesmo quem nos ama começa-se a afastar, afinal, é apenas uma questão básica de sobrevivência!
E assim, quem é que tem tempo para pensar nos outros? Quem é que ainda se consegue lembrar da palavra cidadania, do bem comum ou de outros conceitos idênticos que ficam completamente esquecidos nas filas de trânsito, nas filas para entregar as crianças na escola e até nas filas dos saldos da Zara!!! O que mais se vê diariamente são atentados contra o respeito, contra a liberdade individual de cada um. De alguma forma, todos nós temos alguma responsabilidade nestes pequenos atentados, que não são mais que muros levantados à nossa volta.
Todos os seres humanos…
Para amarem… Precisam de ser amados
Para ensinarem… Precisam ser ensinados
Para respeitarem… Precisam ser respeitados
Assim, qualquer ser humano que beneficie de uma boa ação, favor carinho etc… deveria ter a preocupação de a propagar a mais seres humanos. Este conceito é antigo! Tem barbas! Já foi adaptado ao cinema, (Pay it Forward), (o título em Português era: ”Favores em Cadeia”). Mas ainda assim, o ser humano insiste em não interiorizar este conceito e insiste em levantar muros á sua volta…
Não quero com este texto desvalorizar a atitude no presidente eleito nos Estados Unidos, apenas apelar para que cada um de nós, à nossa escala, apesar de todas as dificuldades, (tal como no referido filme), retribua em triplicado o bem que nos fazem.
Margarida
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